quarta-feira, 2 de abril de 2008

Histórias do Tibet



O Tibete é hoje uma província incorporada à República Popular da China, considerada por esta como "região autônoma". Possui uma área de aproximadamente 1,2 milhão de quilômetros quadrados (com uma pequena parte, ainda a ser definida, de controle e domínio da Índia). Taiwan (República da China) também reivindica o domínio total da região.
Sobre a questão da soberania tibetana, o governo da República Popular da China e o governo do Tibete em exílio discordam quanto à legitimidade de sua incorporação pela China. A UNESCO e a Encyclopædia Britannica consideram o Tibete como parte da Ásia Central, enquanto outras organizações a vêem como parte do Sul Asiático.
O rei Songtsän Gampo uniu muitas partes da região durante o século VII. A partir do século XVII, os dalai lamas, conhecidos como chefes espirituais da região, têm sido os chefes administrativos do Tibete centralizado. Na religião tibetana os dalai lamas são tidos como emanações de Avalokiteśvara ("Chenrezig" [spyan ras gzigs] em tibetano), o bodhisattva da compaixão.
Entre o século XVII e o ano de 1959 o Dalai Lama e seus regentes serviram como principais autoridades da província, tanto na política como na religião, dirigindo-a a partir de sua tradicional capital, Lassa.
Conhecido como o "teto do mundo" por seus picos nevados, as montanhas do Tibete têm, em média, 4.875 metros, com destaque para a Cordilheira do Himalaia.
A história do Tibete teve início há cerca de 2.100 anos. Em 127 a.C. uma dinastia militar fixou-se no vale de Yarlung e passou a comandar a região, perdurando-se esta situação por oito séculos. Por centenas de anos "belicistas" o Tibete investiu sobre terras vizinhas.
Este comportamento mudou em 617, quando o Imperador Songtsen Gampo - o 33º rei do Tibete – começou a transformar a civilização feudo-militar em um império mais pacífico. Seu reinado durou até 701, e seu legado foi imenso: criou o alfabeto tibetano; escreveu e estabeleceu o sistema legal tibetano (baseado no princípio moral segundo o qual é valorizada a proteção do meio-ambiente e da natureza); favoreceu o livre exercício religioso do budismo, e; construiu vários templos (dentre eles destacam-se o Jokhang e o Ramoche).
Seus sucessores continuaram a transformação cultural, custeando traduções e criando instituições. O próximo rei do Tibete foi Tride Tsukden (704 – 754), o qual deixou seu filho como sucessor, o rei Trisong Detsen.
A partir do século VII a região tornou-se o centro do Lamaísmo, religião baseada no budismo, transformando o país num poderoso reinado. Antigo objeto de cobiça dos chineses, no século XVII o Tibete é declarado incluído no território soberano da China. A partir daí seguem-se dois séculos de luta do Tibete por independência, conquistada - temporariamente - em 1912.
Em 1950 o regime comunista da China ordena a invasão da região, que é anexada como província. A oposição tibetana é derrotada numa revolta armada em 1959. Como conseqüência, o 14° Dalai Lama, Tenzin Gyatso, líder espiritual e político tibetano, retira-se para o norte da Índia, onde instala em Dharamsala um governo de exílio. Em setembro de 1965, contra a vontade popular de seus habitantes, o país torna-se região autônoma da China. Entre 1987 e 1989 tropas comunistas reprimem com violência qualquer manifestação contrária à sua presença. Há denúncias de violação dos direitos humanos pelos chineses, resultantes de uma política de genocídio cultural.
Em agosto de 1993 iniciam-se conversações entre representantes do Dalai Lama, laureado com o prêmio Nobel da Paz em 1989, e os chineses, mas mostram-se infrutíferas. Em maio de 1995 é anunciado pelo Dalai Lama o novo Panchen Lama, Choekyi Nyima, de 6 anos, o segundo na hierarquia religiosa do país. O governo de Pequim reage e afirma ter reconhecido Gyaincain Norbu, também de 6 anos, filho de um membro do Partido Comunista, como a verdadeira encarnação da alma do Panchen Lama.
Ugyen Tranley, o Karmapa Lama, terceiro mais importante líder budista tibetano, reconhecido tanto pelo governo da China como pelos tibetanos seguidores do Dalai Lama, foge do país em dezembro de 1999 e pede asilo à Índia. A China tenta negociar seu retorno, mas Tranley, de catorze anos, critica a ocupação chinesa no Tibete.
A causa da independência do Tibete ganha força perante a opinião pública ocidental após o massacre de manifestantes pelo exército chinês na praça da Paz Celestial e a concessão do Prêmio Nobel da Paz a Tenzin Gyatso, ambos em 1989. O Dalai Lama passa a ser recebido por chefes de Estado, o que provoca protestos entre os chineses. No início de 1999, o governo chinês lança uma campanha de difusão do ateísmo no Tibete. A fuga do Karmapa Lama causa embaraço à China.
O Dalai Lama ao longo do tempo tornou-se o líder político do Tibete, onde política e religião fundiram-se em um Estado teocrático. Dessa maneira, é comum encontrar-se em literaturas menos especializadas a informação de que o Dalai Lama é um líder temporal e político. Na verdade, ele é um monge e lama, reconhecido por todas as escolas do Budismo tibetano, mas mais comumente associado à escola Gelug.
O atual e 14.º Dalai Lama é Tenzin Gyatso, nascido em 6 de Julho de 1935 e morava no Palácio de Potala durante o inverno e no Norbulingka durante o verão, em Lassa, capital do Tibete. Em 1959, quando a China comunista invade o Tibete, o Dalai Lama foi exilado para a Índia, onde mora até hoje, no local de Dharamsala.
Dalai significa "Oceano" em mongol e "Lama" é a palavra tibetana para mestre, guru, e várias vezes referido por "Oceano de Sabedoria", um título dado pelo regime mongoliano a Altan Khan (o terceiro Dalai Lama) e agora aplicado a cada encarnação na sua linhagem. São mostrados como sendo a manifestação de Avalokiteshvara, o Bodhisattva da Compaixão, cujo o nome é Chenrezig em tibetano. O nome tibetano do Dalai Lama é Gyawa Rinpoche que significa "grande protetor", ou Yeshe Norbu, a "grande jóia". Após a morte do Dalai Lama, uma pesquisa é instituída pelos seus monges para descobrir o seu renascimento, ou tulku. Além do Papa, é a única pessoa a quem se atribui o título de Sua Santidade.

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